Exposição Itinerante: “Queremos instigar o visitante a escrever o seu haicai e a construir o seu hai-ga”, Bruno Silvestre

Bruno Silvestre toca Shamisen na abertura da Exposição Itinerante “O direito à arte: dois juristas e o pensamento sobre o Japão” no Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão no Rio. Crédito: David Leal.

Visando promover uma forma diferente de ver a poesia e a fotografia, a Exposição Itinerante “O direito à arte: dois juristas e o pensamento sobre o Japão” trouxe ao público carioca, em em novembro do ano passado, no Instituto Cultural Brasil Japão (ICBJ), uma longa tradição cultural japonesa, o Haicai e o Hai-Ga. Ambos, em sua essência, trazem em sua simplicidade a possibilidade de registrar momentos específicos da vida, do cotidiano, sendo acessíveis a todos que queiram explorá-las. O Haicai é um gênero de poesia com forma fixa. Possui três versos, tendo o primeiro e o terceiro cinco sílabas e o segundo sete. Já o Hai-Ga consiste na união do texto de Haicai à imagem fotográfica.

No final do mês de março de 2023, foi a vez do Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão (Praia do Flamengo, 200 – 6º andar) no Rio abrir suas portas para receber a exposição. A mostra está aberta ao público até o dia 28 de abril, de segunda à sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h. A exposição traz mais haicais escritos pelo ex-ministro do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) Massami Uyeda e registros fotográficos (Hai-Gas) realizados pelo próprio jurista e pelo advogado/artista Bruno Silvestre, membro da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) que conversou com a Revista Intertelas para contar um pouco mais sobre as particularidades do processo para formular a exposição. Leia abaixo.

O Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão é o segundo espaço a receber a exposição. Como avalia esta experiência em comparação com a primeira realizada há alguns meses atrás?

Esta exposição é itinerante, ainda é o mesmo conteúdo, mas agora em um espaço cedido pelo Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro para a difusão destas obras. É muito bom ter o apoio do consulado para difundir o hai-ga e as fotografias que tirei do Japão.

Bruno Silvestre na abertura da Exposição Itinerante “O direito à arte: dois juristas e o pensamento sobre o Japão” no Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão no Rio. Crédito: David Leal.

Qual a importância que a fotografia e o Japão têm na sua vida? E o que o levou a unir as duas questões?

Desde cedo gosto de fotografia, mas demorei a ter minha primeira câmera profissional. A fotografia pra mim tem um significado muito importante, pois é através das lentes que eu consigo enxergar melhor o mundo. As lentes me permitem ir além, mais do que eu como pessoa com deficiência visual consigo normalmente. E o Japão tem uma cultura riquíssima e que dificilmente chega até nós fora dos seriados de TV. Buscar estudar a cultura japonesa e conhecer o Japão se tornaram metas que eu consegui alcançar e gosto muito desta cultura com a qual procuro me relacionar e me aprofundar.

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Como você descreveria o seu trabalho fotográfico?

Eu diria que é um estilo de fotografia que busca mostrar a riqueza das paisagens e a naturalidade do cotidiano, marcando instantes de uma terra distante, ou mesmo de alguma situação sob a qual não paramos normalmente para observar.

O que teria estabelecido conexão entre o seu trabalho e o do ministro Uyeda?

O ponto que nos uniu foi o direito e a arte. Através de debates sobre o mundo jurídico e sobre o Japão acabamos por falar de arte, de haicai e hai-ga e com isso unimos nossa busca pela difusão das artes japonesas. Assim, montamos esta exposição com os hai-ga preparados pelo ministro e as minhas fotografias do Japão. Ambos buscam provocar o visitante a olhar e escrever seu próprio haicai, construindo assim seu próprio hai-ga.

Tem planos para novas iniciativas artísticas? Se sim, quais?

Sim, vou estar no Japão novamente este ano e vou buscar mais fotos do cotidiano japonês, bem como de cidades do Japão à noite. Vou trabalhar esses projetos e futuramente apresentarei os novos trabalhos.

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por Anders Noren

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